quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

TERRA DE UM POVO


Um mundo...Um mundo onde a chuva era pontual,Hoje não é mais, porém é sempre normal.

Em que a coca-cola divide lugar com sucos de cupu-açu, bacuri, guaraná,...

Um mundo em que apesar da temperatura ser muito além dos 30º, sempre se toma tacacá.

Em que folha cozida e bem temperada chama-se maniçoba e é iguaria.

Um mundo em que aipim chama-se macaxeira e cajá chama-se taperebá.

Em que nas horas das refeições sempre tem açaí, come-se tudo misturado e é absolutamente normal.

Um mundo em que se não tiver açaí tomamos bacaba, que não é tão gostosa, mas só se encontra por aqui.

Em que a Estação das Docas e o Ver-o-Rio são motivos de orgulho.

Um mundo em que D. Romualdo de Seixas, Manoel Barata e Gentil Bittencourt são ilustres e merecem aplausos por seus méritos.

Em que passar o natal na Disney e o reveillon em Copacabana não é tão emocionante como andar quilômetros atrás de uma pequena imagem da Senhora de Nazaré, que nos faz rir e chorar ao ver quão grande é a fé deste povo.

Um mundo em que outubro é o mês mais esperado do ano, pois sedia o famoso Círio de Nazaré.

Em que mais de 41 tribos indígenas vivem com seus costumes, lendas e mitos.Um mundo em que carimbó, siriá e brega são danças normais e não espetáculos de teatro.

Em que pororoca, marajoara, jurunas, tapanã, mundurucus são palavras normais.

Um mundo em que tupi-guarani, timbira, caribe, mundurucu, juruna são línguas que, misturadas com o português formam o idioma de um povo.

Em que barcos e canoas são transportes normais.

Um mundo em que só existem duas estações ao ano, o verão é em julho e o inverno em janeiro.

Em que se reza, canta-se e dança-se dentro das igrejas e que existe uma festa chamada Santas Missões Populares.

Um mundo em que papagaios, jacarés, cotias, araras, lontras e micos-leões-dourados fazem parte da fauna e não são apenas enfeites de zoológicos.

Em que ser parecido com índios para muitos não é motivo de orgulho, mas é normal.

Um mundo em que cidades nasceram de aldeias indígenas e traz em seu povo essa herança.

Em que a feira livre chama-se Ver-o-Peso e é ponto turístico.

Um mundo em que existe um bosque no meio da capital.

Terra de um povo guerreiro, bravo, nascido da mistura de índios, negros e brancos, mas que trás nas veias o sangue índio e tem orgulho de ser paraense.

Este é o mundo em que nasci e tenho orgulho de pertencer.

Este é o mundo chamado Pará.

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