quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

"O único evangelho que muitas pessoas vão ler é o nosso exemplo de vida". D. Helder


SEMANA DA CIDADANIA 2008

Aproxima-se mais uma Semana da Cidadania. Tempo de buscar de forma mais intensa a construção de alternativas para nossa sociedade. Somos convocados/as a olhar para a realidade da juventude com os mesmos sentimentos de Jesus, como nos ensina o apóstolo Paulo. Os/as discípulos missionários/as de Jesus sabem que esse seguimento exige transformação no mundo, na comunidade e na vida das pessoas. Como cristãos queremos não só convidar as pessoas a olharem para Jesus, mas antes, lançar o olhar de Jesus para a realidade e termos, como ensina São Paulo, os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. Fazer dos sonhos Dele os nossos sonhos! Poder dizer junto com Ele “eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).Neste ano iniciamos a memória do centenário de Dom Hélder Câmara, profeta, pastor e poeta que fez esse caminho com Jesus.Viver é fazer escolhas. A Conferência de Aparecida, acontecida em maio do ano passado, e a Campanha da Fraternidade deste ano nos convidam a escolher a vida. O desafio é esse! Há caminhos que geram morte, por isso somos convocados/as a escolher e construir caminhos que geram vida!Nosso convite para esta SdC é construir ações contra o empobrecimento social que atinge a juventude, motivados pela confiança de que temos mil razões para viver!
Texto extraído do subsídio para a Semana da Cidadania

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Obrigada Ir. Dorothy!!!!!!!!!







Voltemos no tempo…
12 de março de 2005. Um dia chuvoso, onde todos preferem ficar em casa e só saem quando há uma grande necessidade. Uma pessoa em Anapu tinha, como há muitas noites, dormido preocupada. Conforme D. Erwin nos afirmou, ele tinha conversado com ela e esta lhe tinha dito que vivia o Getsêmani há alguns dias.
Ir. Dorothy Stang tinha vindo ao Brasil em missão, adotado esta terra como sua e defendido os brasileiros, sobretudo os paraenses talvez como nunca tivesse feito em seu próprio país. Lutou, gritou, visitou e confortou um povo, deu a estes a esperança que tantos querem tirar, além de quererem tirar suas terras também.
Mais uma vez ela saía para fazer algo por eles... Ela sabia do perigo, já tinha comunicado ao Estado, à Nação as ameaças que vinha sofrendo, mas ninguém se importou como deveria, aliás, eles nunca se importam mesmo.
No meio da chuva daquele dia sombrio uma bala atravessa seu corpo, assim como as dores do nosso povo tinha atravessado seu coração. Talvez você pense que eu esteja dramatizando demais, porém da mesma forma, talvez você não saiba o que é ser expulso da sua própria terra, talvez você não saiba o que é amar a floresta e vê-la tombar diariamente. Talvez você não saiba... Existem tantas coisas que talvez você não saiba.
Ir. Dorothy estava morta. Ir. Dorothy estava morta? Fisicamente sim, os fazendeiros tinham calado a sua própria boca, mas ficava um grito que ela espalhou e por coincidência ou não, estava estampado na camiseta manchada de sangue: “A MORTE DA FLORESTA É O FIM DA NOSSAVIDA!”. Ela estava lá, deitada de bruços no chão que ela tanto defendeu. Um corpo inerte, sem vida, mas o sangue que saía do seu corpo começou a penetrar o chão, começou a manchar o chão e vozes começaram a ecoar: “O SANGUE DE DOROTHY LAVOU A TERRA!”. O sangue de Dorothy fez os gritos se levantarem e ecoarem, se os fazendeiros pensaram que a tinham calado, se enganaram porque quando eles lhe ceifaram a vida, foi aí que ela gritou mais alto, foi aí que outros gritos ecoaram de norte a sul do país, do mundo. QUEREMOS JUSTIÇA!!!Obrigada Ir. Dorothy, Pe. Josimo, Ir. Adelaide, Chico Mendes, Dezinho, Brasília, Sepé Tiaraju, Pe. Rodolfo, Índio Simão Bororo, Vilmar de Castro, Cleuza, Paulo Fontelles, João Batista, Margarida Maria Alves, Anaildo, Quintino, Rejane Guimarães, Os 19 trabalhadores assassinados na curva do “S” em Eldorado dos Carajás e as vitimas da violência urbana: Marcelo Magno, Nirvana, Gustavo Russo, Lílian Obalsci, Núbia, Priscilla, os meninos do Guamá e tantos e tantos outros assassinados diariamente. Assim como Deus disse a Caim que o sangue de Abel clamava por justiça, assim também o sangue de cada um de vocês sobe do chão e vai até os céus clamando por justiça. Chega de impunidade, para trás das grades todos aqueles que tiram a vida de tantas pessoas, que ceifam a alegria de tanta gente, pois não somente morrem os que são tirados a vida física, mas também morrem junto os seus familiares, morre junto a sua alegria de viver. As lágrimas derramadas hoje, na frente daquele prédio chamado Tribunal de Justiça do Estado do Pará, que também pode ser chamado de Tribunal da Impunidade, lavem a nossa tristeza e nos dê força para, enquanto não nos tirarem a vida, clamemos, gritemos por justiça neste chão.

Oração Latina

“Esta nova oração
É uma canção de vida
Pelo sangue da ferida no chão
Que não cicatrizará
Nem tampouco deixará de abrir
A rosa em nosso coração
E diga sim
A quem nos quer abraçar
Mas se for pra enganar
Diga não
Êêê...Êia! Com as bandeiras na rua
Ninguém pode nos calar
E quem nos ajudará
A não ser a própria gente
Pois hoje não se consente esperar.
Somente a rosa e o punhal,
Somente o punhal e a rosa
Poderão fazer a luz do sol brilhar.
E diga sim
A quem nos quer acolher
Mas se for pra nos prender
Diga não
Ninguém vai ser torturado
Com vontade de lutar
Ninguém vai ser torturado
Com vontade de lutar
La la la la laiá la la la la laiá la
La la la la laiá la la la la laiá la
E diga sim
A quem nos quer acolher
Mas se for pra nos prender
Diga não.

VALEU IR. DOROTHY STANG!!!!!